
Em entrevista ao blog falou de tudo: Futebol Brasileiro, Futebol Inglês, Seleção Brasileira, Copa de 2014, Neymar, polêmicas e muito mais, confira:
RB. Diga-nos um jogo e um jogador inesquecível na sua carreira. Você acha que este jogador ainda existe na Premier League?
Falando apenas do futebol inglês, um jogo que comentei e que foi marcante para mim, por várias razões, foi o 6 a 1 do Manchester City no Manchester United no Old Trafford. Mas todos os jogos daquela campanha invicta do Arsenal (2003/2004) foram especiais para mim. Foi naquela temporada que deu para perceber de vez que a Premier League tinha virado uma mania, uma sensação no Brasil. Até por isso, era um prazer ver o Henry desfilando naquele período. Acho que ele ajudou demais a mudar a imagem do futebol inglês, muitos passaram a ver no campeonato um espaço para craques refinados, para um futebol mais vistoso. O Van Persie hoje faz um pouco o papel do Henry (mais quando estava no Arsenal talvez). No entanto, eu curti muito o Cantona e o Giggs na Premier League, são dois símbolos dessa nova fase moderna do futebol inglês. O Giggs ainda está na ativa e há sempre um ou outro candidato a Cantona (às vezes o Rooney), mas nenhum tão figura quanto ele. Foi um prazer enorme crescer como comentarista junto com o Campeonato Inglês no nosso país.
RB. Com tantas contratações que deram certo
nesta temporada como Berbatov (Fulham), van Persie (Man. Utd.), Oscar e Hazard (ambos
do Chelsea) e Dempsey (Tottenham), qual destes, você acha que será a mais
importante no fim do campeonato?
A tabela de classificação e a tabela
da artilharia apontam para o Van Persie. Não só o Man Utd vai brigar firme pelo
título como ele brigará de novo para ser o goleador máximo. E, em
contrapartida, é bem possível que o Arsenal não fique entre os quatro primeiros,
o que seria uma novidade e tanto na era Arsène Wenger. Por tudo isso, acho que
a ida do Van Persie para os Red Devils será (já foi) a contratação mais
importante do campeonato.
RB. Com a repetição de erros e escândalos
recentes entre os árbitros não só ingleses, mas de todo o mundo, o que você
acha que ainda falta para os homens do apito? É a favor do uso da tecnologia?
Tecnologia. Sou completamente a favor
do uso do vídeo, entre outras coisas, para reduzir os erros de arbitragem em
lances capitais especialmente. É a única solução.
RB. Com o grande equilíbrio e evolução das equipes da terra da rainha, onde você acha que a briga por posições
vai ficar mais acirrada?
Nesta temporada, a briga pelo quarto
lugar vai ser bastante acirrada, acho que essa deve ser a grande mudança em
relação às últimas temporadas. Na rabeira da tabela, também acredito numa briga
intensa, pois aposto numa recuperação do QPR, assim como aconteceu um pouco com
o Southampton. E a camisa pesada do Aston Villa corre sério risco.
Na Champions League temos:
Manchester United e Arsenal em uma situação confortável, já o Manchester City
amarga a última posição do grupo apesar de ser o atual campeão da Premier
League, o que ainda falta na equipe de Mancini?
Um pouco mais de sorte na hora do
sorteio seria algo bom para o Man City. Porém creio que ainda falta para o
clube como um todo mais experiência internacional, vivenciar de forma melhor
jogos contra outra escolas, outras situações. Mancini precisa mostrar mais
resultados nesse sentido, não está conseguindo aproveitar bem seu poderoso
elenco na competição que é a mais badalada da Europa. A própria torcida do City
talvez não esteja tão ambientada ainda com os grandes confrontos
internacionais, é uma outra pegada. O Chelsea custou a triunfar na Champions, o
Arsenal então até hoje procura encontrar esse caminho europeu.
RB. A era Wenger como todos sabem, já
teve momentos bem agradáveis, como por exemplo, conquista do título invicto da
Premier League, jogadores memoráveis, entre outros, agora a torcida está
perdendo a paciência com o francês, você acredita que a relação entre o
treinador e os gunners tenha chegado ao fim?

RB. Com Neymar apresentando atuações cada
vez mais surpreendentes, surgiram boatos nestas últimas semanas que o City irá
fazer de tudo para trazer o craque santista já em janeiro, falam-se até em £ 50
milhões, você acha que é um investimento válido para um time que tem atacantes
de alto nível como Agüero, Tevez e Ballotelli?
Acho que o investimento pesado no
Neymar é válido. O time europeu que o
levar fará um grande negócio, Neymar hoje só está atrás de Messi e Cristiano
Ronaldo em poder de decisão. E tem carisma para ser um fenômeno de marketing
mundial, como os Ronaldinhos e como Kaká. No caso do City, sempre é discutida a
possível saída de Tevez e de Balotelli. Com a chegada de Neymar, eles poderiam
ser liberados eventualmente.
RB. Quais atletas que atualmente jogam no
futebol brasileiro se adaptariam bem ao futebol inglês?
Acho que o futebol inglês mudou
tanto, ficou tão globalizado, que não tem mais esse tal perfil de jogador para
a Inglaterra. Seria normal ouvir no passado que algum cara bom no jogo aéreo
cairia bem na Inglaterra, hoje isso não é tão significativo. Há quem veja mais
espaço para jogadores de velocidade, como era o Juninho Paulista, ou para
jogadores que aguentam bem o contato físico, como volantes pegadores. Hoje, os
goleiros brasileiros, os laterais que marcam bem e outros atletas “comuns” têm
espaço na Premier League. Não é preciso ser um Neymar ou um Lucas ou um Oscar
ou um Ganso para chegar ao futebol inglês. As portas se abriram para todos. Se
fosse pensar nesse tal perfil de jogador para a Inglaterra, talvez indicasse o
Leandro Damião, do Inter, mas, como falei antes, qualquer um tem condição de
ser útil lá.
RB. Hoje temos vários jovens jogadores ingleses
bastantes renomados e pretendidos no mundo da bola apesar da pouca idade, você
acha que toda essa pressão é boa ou ruim? Por quê?
Não vejo ainda tantos jogadores
ingleses jovens renomados assim. A Premier League mudou regra recentemente para
aproveitar mais o talento local. Os clubes ingleses ainda precisam evoluir na
formação de atletas, estão atrás de clubes de outros países, não à toa importam
profissionais do Barcelona, por exemplo, para melhorar nisso. Acho que os
jovens jogadores ingleses são hoje sim mais pressionados porque há luta por
trabalho é maior, assim como a exigência. Isso é bom. Há alguns anos discutiam
a crise dos goleiros da Inglaterra, só arqueiros estrangeiros eram valorizados.
Pois o Hart evoluiu muito nas últimas temporadas. É hoje um dos melhores da
posição na liga e titular da seleção inglesa. Ele cresceu com a exigência da
Premier League, mas ainda parece ser uma exceção. Walcott não evoluiu como se
esperava, Wilshere ainda é uma esperança e por aí vai.
RB. Como você acredita que a seleção da
terra da rainha chegue para a disputa da Copa do Mundo de 2014 no Brasil?
Quanto a Neymar, Lucas, Oscar e companhia?
A Inglaterra terá problemas até mesmo
para se classificar. Os craques dos últimos tempos já estão em fase decadente.
São os casos de Lampard e Gerrard, em especial. Ainda há resquícios de
problemas de relacionamento, como o imbróglio envolvendo Terry e Ferdinand por
conta de racismo. Os ingleses vivem período de transição e não estão entre os
favoritos. No Brasil, onde já tem um histórico de fracasso épico (1950),
encontrarão um clima desfavorável por conta do calor, muito possivelmente. Não
vejo muitas chances de a Inglaterra, cuja última troca de técnico foi mais para
tapar um buraco, fazer um bom Mundial em 2014.
RB. Quais seleções são as favoritas para
a Copa do Mundo no Brasil?
Espanha, em primeiro lugar. É ainda a
seleção a ser batida. Porém acho que os times sul-americanos farão uma grande
Copa em geral, com destaque para a Argentina e o Uruguai, se esse chegar a 2014
mesmo, além da revigorada Colômbia. Nossos vizinhos estão acostumados a jogar
aqui, conhecem nossa cultura e têm a história a favor, não se intimidarão nem
terão muitos problemas de adaptação como os europeus (a Argentina ainda contará
com Messi numa busca frenética por sucesso em uma Copa). A Alemanha será
competitiva como sempre, mas não será fácil para ela triunfar nesta Copa, e ela
tem fraquejado na hora H com as últimas gerações. O campeão sairá desses times
ou do Brasil, que certamente chegará longe.
RB. Como você enxerga este trabalho
negativo feito pelo treinador Mano Menezes? Quem seria o treinador ideal para a
seleção canária?

RB. O que falta para o futebol brasileiro
chegar ao patamar do futebol inglês?
Muita coisa. É preciso ter uma liga
independente que se venda e se faça melhor. Para isso, é preciso mexer no
calendário, a liga nacional tem que tomar toda a temporada, os Estaduais têm
que ser enxugados. Eu transformaria os Estaduais em copas, como a Copa da Liga
da Inglaterra, com os grandes entrando no final. Há várias formas de enriquecer
o futebol nacional, uma é melhorando os estádios, e isso acontecerá bastante
por causa da Copa de 2014. Deveremos ter uma melhora na média de público no
país em breve, algo que aconteceu na Alemanha depois da Copa de 2006. Eu
aumentaria o limite de estrangeiros por time, acho que a presença maior de
estrangeiros melhora os elencos, torna o Brasileiro mais atraente. Como a
economia brasileira é a melhor do continente, é fácil para os clubes
brasileiros tirar reforços e bons jogadores de clubes dos países vizinhos. Os
times brasileiros passariam ainda mais a dominar as competições continentais.
Com um calendário mais racional, os clubes brasileiros poderiam excursionar
mais, internacionalizar mais as suas marcas. E não perderiam tanto seus
principais jogadores para seleções em dias de partidas oficiais. Acho que
deveriam suspender atletas após quatro ou cinco cartões amarelos no Brasileiro,
como acontece em outros campeonatos nacionais de pontos corridos. Isso desfalcaria
menos as equipes. As leis deveriam ser mais rigorosas no combate à violência,
vândalos e torcedores violentos deveriam ser presos de verdade menos e deveriam
ficar impedidos de ir aos estádios. A maioria dos jogos deveria acontecer em
horários mais adequados, deixando apenas algumas partidas da TV aberta em
horários mais desfavoráveis. É preciso mudar a arbitragem, deixar o jogo correr
mais, acabar com as faltinhas e as simulações em série. É preciso oxigenar
bastante o tribunal esportivo, torna-lo
mais rápido e lógico. Tem mais um monte de coisas, quando eu assumir a
presidência da CBF em 2015 eu cuido de tudo isso.
RB. Como você se interessou pelo jornalismo? O que
você diria a jovens que sonham em serem jornalistas?
Sempre gostei de escrever. E sempre gostei de
esportes. Resolvi juntar as duas coisas. Só digo uma coisa a quem quer ser
jornalista e a quem quer ser qualquer coisa: corram atrás de seus sonhos,
estudem, batalhem, busquem a felicidade no que vão fazer, no que vão trabalhar.
RB. Na sua vida quando você decidiu fazer jornalismo e entrar na
profissão de jornalista esportivo, muitas pessoas o criticaram por você fazer
essa escolha?
Na faculdade, eu era uma exceção ao abraçar o jornalismo
esportivo. Apenas eu e mais alguns poucos amigos nos orientamos mais nesse
sentido. E curiosamente esse pequeno grupo de amigos mais ligado ao esporte
conseguiu bom destaque na carreira. Não era criticado por preferir o esporte,
mas às vezes não fui tão valorizado como poderia ser, isso já na faculdade. Às
vezes há esse pensamento pouco esportivo mesmo nos grandes jornais e TVs. Há
quem veja o jornalismo esportivo como algo menor, menos importante, menos
relevante. Eu nunca vi dessa forma. Poderia trabalhar sem problemas em qualquer
outra editoria ou em qualquer área do jornalismo, mas sou muito mais feliz
cobrindo esporte.
Mais informações sobre o blog no Twitter @RivalBritanica
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